Postado em mai. de 2023
Sustentabilidade | Futuro e Tendências Globais | Social
Ailton Krenak encontra Mia Couto
Fronteiras do Pensamento promove o primeiro encontro entre esses pensadores
Quando estamos diante de uma interrogação, mergulhamos em uma mata densa, dentro de nós. Lá a gente se senta, longe de tudo. E esperamos. Lá encontramos a cura para qualquer coisa que não sabemos.
Essa fala, atribuída a um indígena Guarani - povo resiliente que habita o que restou da Mata Atlântica no Sudeste brasileiro - surgiu de um encontro de almas que observam o mundo com lentes as mais sensíveis e reveladoras.
O Fronteiras do Pensamento uniu, pela primeira vez, o antropólogo indígena Ailton Krenak e o escritor e biólogo moçambicano Mia Couto. Na pauta, que fluiu poeticamente, a saúde, a natureza, as doenças e suas curas.
Mia narra que entre os homens da terra em Moçambique não há uma palavra para designar o que chamamos de meio ambiente. O motivo é simples: homem e natureza não se diferenciam, não se colocam em campos distintos.
Essa ligação, para Mia Couto, precisa ser reestabelecida. “O que determina a vida são os domínios do invisível. São mecanismos finos que determinam as relações e as conversas”, afirma.
Para Mia Couto, “a biologia é uma espécie de literatura porque conta a mais linda das histórias: a história da vida.”
Krenak, indígena criado no Vale do Rio Doce, região de colonização tardia, destaca um açodamento, uma irritação, entre os que vivem da vantagem da exploração das florestas e os que defendem a conservação.
O antropólogo defende que a busca da saúde precisa mudar seus paradigmas. Os médicos que acreditam na doença, tem que acreditar na vida.
Mia Couto concorda e conta que entre os povos originais de Moçambique, os chamados ‘curandeiros’ dizem não conhecer o vírus da Covid 19, por exemplo, mas querem aprender com os médicos a língua desse ser.
Krenak e Mia enxergam com os olhos da floresta e mostram caminhos entre o caos e a ordem, com exclusividade para quem participa da temporada 2023 do Fronteiras do Pensamento.
Mia Couto
Escritor