Postado em jun. de 2024
Filosofia
Carnavalização e canibalização
Como a política contemporânea, transformada em farsa pelo Ocidente, enfrenta canibalização interna e externa, resultando em autodestruição e terror? Clique no vídeo ao lado para descobrir.
Jean Baudrillard descreve a cena política contemporânea como uma grande farsa, um verdadeiro carnaval. Ele exemplifica essa carnavalização com eventos como a eleição de Schwarzenegger como governador da Califórnia, afirmando que, conforme dizia Marx, um evento autêntico se repete como farsa, e estamos agora nessa repetição farsesca.
Essa hegemonia ocidental, segundo Baudrillard, exporta essa carnavalização para o resto do mundo, transformando tudo em uma paródia global das suas próprias valores. Isso inclui aspectos econômicos, políticos, morais e técnicos. Essa exportação resulta em uma falsificação planetária do que o Ocidente foi e, talvez, já não seja mais exatamente.
Por outro lado, Baudrillard observa uma reversibilidade nesse processo: a potência ocidental, ao carnavalizar outras nações, é também canibalizada internamente por forças antagonistas, como a imigração e o terrorismo. Essas forças desestabilizam e ameaçam a hegemonia ocidental, resultando em um processo de autodestruição e autodestabilização.
Baudrillard destaca que o confronto entre a hegemonia ocidental e suas forças antagonistas é assimétrico e não segue os moldes tradicionais de luta de classes ou choque de civilizações. É um processo simultâneo e de dupla face, envolvendo redes e tecnologias globais, onde todos são atores e vítimas, incluindo os próprios Estados Unidos.
Ele conclui que o terror é uma característica intrínseca da globalização, presente em ambos os lados desse confronto. Tanto a hegemonia ocidental quanto suas forças antagonistas exercem e sofrem formas de terror, tornando a situação ainda mais complexa e difusa.
Jean Baudrillard foi um sociólogo e filósofo francês.
Considerado um dos principais teóricos da pós-modernidade e um dos autores que melhor diagnosticaram o mal-estar contemporâneo, Jean Baudrillard foi um dos fundadores da revista "Utopie", além de ter publicado mais de 50 livros ao longo de sua vida.
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