Postado em fev. de 2024
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Desafios globais e o caminho para um mundo mais seguro
O conferencista destaca a interconexão das ameaças globais, a necessidade de cooperação multinacional, a relação entre pobreza e governança, a importância do "poder suave" e do diálogo, e questiona a lógica da manutenção de arsenais nucleares.
Mohamed El Baradei ressalta a interconexão das ameaças globais à segurança humana, como a pobreza, guerra, terrorismo, degradação ambiental, doenças contagiosas e armas de destruição em massa. Essas ameaças ultrapassam fronteiras nacionais, tornando as noções tradicionais de segurança nacional obsoletas.
A necessidade de cooperação multinacional e instituições internacionais eficazes é enfatizada como essencial para lidar com esses desafios globais de maneira eficiente. O diplomata destaca a importância da colaboração entre países para abordar questões como pobreza, governança e segurança de maneira conjunta.
Uma correlação significativa é estabelecida entre a pobreza e a falta de boa governança, abordando questões como corrupção, repressão, negação de liberdade política, injustiça social e falta de oportunidades econômicas. Essas deficiências na governança são identificadas como fatores que contribuem para o surgimento de conflitos civis e interestaduais, gerando um sentimento de injustiça e marginalização entre as pessoas.
Além disso, segundo ElBaradei, o conceito de "poder suave" é introduzido, destacando os atributos não militares que conferem influência a um país. O conferencista ressalta a importância do diálogo como uma ferramenta significativa para a resolução de conflitos, mesmo que seja por vezes mal interpretado como um sinal de fraqueza.
Por fim, o professor questiona a lógica por trás da manutenção de 19.000 ogivas nucleares, destacando a contradição entre os compromissos de eliminação total dessas armas sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear e a modernização contínua dos arsenais nucleares pelas principais potências. Ele aponta a ironia de as grandes potências considerarem as armas nucleares como indispensáveis para sua segurança, ao passo que outros países buscam adquiri-las. Essa observação destaca a urgência de repensar as abordagens em relação à segurança global e à proliferação de armas nucleares.
ElBraradei é diplomata e professor egípcio, Prêmio Nobel da Paz em 2005. Ex-chefe de supervisão nuclear das Nações Unidas, é considerado uma das principais figuras para a derrubada do regime de Hosni Mubarak e mantém-se como forte crítico do conselho militar que governa o Egito desde 2011.
Com base em sua carreira de diplomata, acadêmico e funcionário de várias organizações internacionais, Mohamed ElBaradei foi diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA de 1997 a 2009, reforçando em seu mandato a não proliferação nuclear.
Mohamed ElBaradei
Diplomata