Repensando a liberdade

A história do pensamento pode ser vista como um experimento cognitivo que busca trazer à tona a verdade sobre a situação global. O conhecimento, por sua natureza, sempre tem um atraso em relação à realidade, chegando, por princípio, tarde. Segundo Peter Sloterdijk, é nesse contexto que uma inteligência prognóstica deve se manifestar, utilizando a lacuna entre o "tarde" e o "demasiado tarde" para prever e evitar danos. Essa inteligência precisa se tornar sábia antes que o dano ocorra, o que requer um novo tipo de aprendizado. Para entender esses processos de aprendizado, é necessária uma crítica da razão profética.

Nos últimos séculos, o expressionismo dinâmico, possibilitado pelos combustíveis fósseis, levou a um estilo de vida de liberdade que inclui acelerações arriscadas, desperdício e autodestruição. Esse estilo de vida deve ser radicalmente modificado. Uma metáfora poderosa para isso é encontrada na obra de Júlio Verne. Em sua narrativa, um navio começa a queimar suas próprias estruturas de madeira para gerar energia, simbolizando o uso destrutivo de recursos. Sloterdijk afirma que essa imagem serve como uma metáfora para a era industrial e a maneira como lidamos com nossos recursos e a liberdade.

Peter Sloterdijk é um dos mais conhecidos e lidos filósofos na contemporaneidade, considerado um dos renovadores da filosofia atual. Estudou filosofia, filologia germânica e história nas Universidades de Munique e Hamburgo, tendo concluído seu mestrado sobre “O estruturalismo como hermenêutica política" e o doutorado com uma dissertação sobre “Literatura e organização sobre experiência de vida".

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