Sentidos da vida: Fronteiras do Pensamento coloca a grande questão humana em debate

Postado em mar. de 2019

Filosofia | Cultura

Sentidos da vida: Fronteiras do Pensamento coloca a grande questão humana em debate

Quais são os sentidos da vida contemporânea? Curador do Fronteiras explica por que o projeto centra sua temporada de conferências na mais atemporal das questões.


Compartilhe:


Em meio ao caos contemporâneo, ressurge a busca por uma resposta para a vida. O sentido da existência é uma das perguntas que fundamenta a filosofia e pode ser a chave para encontrar alguma forma de ordem, de estabilidade, de mínima segurança no mundo atual.

Quais são os sentidos da vida contemporânea? Como podemos encontrá-los? O que esta busca nos oferece em termos individuais e coletivos? O curador do Fronteiras do Pensamento, Fernando Schuler, nos explica por que o projeto centra sua temporada na mais atemporal das questões.

As conferências deste ano seguirão na grande busca: os sentidos da vida norteiam os convidados de 2019. Participe desta reflexão. Ouça as vozes dos conferencistas confirmados: Graça Machel, Paul Auster, Roger Scruton, Denis Mukwege, Janna Levin, Werner Herzog, Contardo Calligaris e Luc Ferry.

Siga o conhecimento. Cultive a inspiração. Vivencie o debate. Ultrapasse as fronteiras. Garanta sua presença nas conferências do Fronteiras do Pensamento 2019. Clique nos links abaixo para ver os valores do pacote de ingressos para todos os eventos do ano, descontos, formas de pagamento, locais de compra e outras informações.

- Participe do Fronteiras do Pensamento Porto Alegre
- Garanta sua presença no Fronteiras São Paulo

 


Siga nossa página para acompanhar as novidades

 

SENTIDOS DA VIDA | Fernando Schuler

A filosofia, a ciência, a cultura e muitas outras áreas especulam, investigam e debatem sobre os sentidos da existência. Tema complexo e, por natureza, subjetivo. Contardo Calligaris disse, certa vez, que não desejava simplesmente ser feliz, mas viver uma vida interessante. Não há acordo, por óbvio, sobre o que isso possa significar. Calligaris parece sugerir que interessante é a vida que assume riscos. A vida que recusa o esconderijo da pequena felicidade e o culto algo mecânico do bem-estar prudente e previsível.

Este é apenas um sentido possível. A pergunta sobre como viver foi o grande tema da filosofia antiga e ressurge, entre os modernos, nos Ensaios de Montaigne, no Cândido de Voltaire, em Nietzsche e na literatura do século XIX. 

O mundo contemporâneo recoloca o tema em um universo novo. Em primeiro lugar, vivemos mais. A expectativa de vida cresceu 25 anos no último meio século, no Brasil. Em segundo, somos mais urbanos, mais educados e plenos de informação. Vivemos a integridade de uma “sociedade reflexiva”, na expressão de Anthony Giddens, em que há muito se perdeu qualquer possibilidade de consenso em torno de valores fundamentais nos planos da ética ou da estética. 

Portanto, é uma ilusão imaginar que o pensamento ou a filosofia nos oferecerão um caminho seguro sobre como lidar com a incerteza e o caos que residem na alma da vida contemporânea. Mas é possível que a reflexão calma nos ajude a navegar. Ofereça, quem sabe, não as grandes respostas, mas as perguntas que valem a pena serem feitas. 

Conheça a programação do Fronteiras do Pensamento 2019

Desde sempre, este foi o desafio da filosofia. E, de algum modo, serão as questões que atravessarão a temporada do Fronteiras do Pensamento 2019. O que move um grande seminário voltado ao pensamento, no fundo, é o cultivo da curiosidade intelectual. Buscar alguma ordem em meio à babel é uma propensão humana, e são as ideias, a literatura, os consagrados personagens e a experiência da vida compartilhada que podem nos oferecer algum sentido de ordem. 

Um caminho possível é o que sugere Luc Ferry: a ideia de que aprender a viver é vencer o medo do irreversível. Sua imagem perfeita é a do corvo, no poema de Edgar Allan Poe, a cada instante repetindo “nunca mais”. Não se trata propriamente do medo da morte, mas de tudo aquilo que morre todos os dias. Também não discorre sobre o medo dos acontecimentos, da violência, das crises econômica ou ecológica. Diz respeito à condição humana. Nossa condição de viver em um mundo precário em que a perda, por vezes definitiva, é o preço a pagar por cada uma de nossas escolhas. 

Outra resposta quem dá é Denis Mukwege, que oferece à vida um inquietante sentido heroico. A história do médico que teria diante de si a vida segura e confortável da Europa, mas que decide voltar ao Congo, em meio à guerra, e dedicar sua atuação a devolver a dignidade a mulheres vítimas das mais atrozes formas de violência sexual. Mukwege concebe a vida a partir de um profundo senso de ética. “Justiça é responsabilidade de todos”, defende. 

Ou quem sabe poderia ser a resposta de Roger Scruton e sua teoria da arte. A ideia de que “podemos lidar com a tristeza da vida, em parte, porque podemos representá-la e, deste modo, lhe oferecer um sentido”. Algo que vá além da mera utilidade, que é rigorosamente inútil, ainda que em algum momento indispensável. 

Se cada um de nós pode enxergar um traço da vida no desencanto ou nas alegrias de Nathan Glass, o comovente personagem de Paul Auster em Desvarios no Brooklyn, é porque de algum modo somos parecidos com ele: urbanos, lidamos com a solidão, cultivamos afetos por vezes difíceis e aprendemos a reconstruir as coisas quando tudo parece ter se complicado de um jeito inesperado. 

Vai aí o sentido da grande literatura. Ou quem sabe da grande filosofia. É aquela que nos incomoda, que mexe com a imaginação, quebra a rotina dos dias e de alguma forma melhora a nossa vida. Se não para fazê-la mais feliz, ao menos para provocar a reflexão e a ação e torná-la mais interessante.

- Participe do Fronteiras do Pensamento Porto Alegre
- Participe do Fronteiras do Pensamento São Paulo

Compartilhe: