Postado em dez. de 2018
Literatura | Ativismo e Causas Humanitárias
Amós Oz falece aos 79 anos, em decorrência de um câncer
Escritor israelense e cofundador do movimento pacifista Paz Agora, morreu em Israel. Oz esteve no Fronteiras do Pensamento em 2017.
O escritor israelense Amós Oz morreu nesta sexta-feira (28) em decorrência de um câncer, aos 79 anos, em Tel-Aviv.
A informação foi confirmada por sua filha, Fania Oz-Salzberger, em seu perfil no Twitter.
"Meu pai amado, Amós Oz, um homem de família maravilhoso, um autor, um homem de paz e de moderação, faleceu hoje, após uma breve batalha contra o câncer. Ele estava rodeado por pessoas que o amavam e que sabiam disso até o fim. Que seu legado de bondade prossiga para transformar o mundo", escreveu Fania Oz-Salzberger na rede social.
My beloved father, Amos Oz, a wonderful family man, an author, a man of peace and moderation, died today peacefully after a short battle with cancer. He was surrounded by his lovers and knew it to the end.
May his good legacy continue to amend the world.
— Fania Oz-Salzberger פניה עוז-זלצברגר (@faniaoz) 28 de dezembro de 2018
Nascido em Jerusalém, em 1939, Oz era autor de livros como Caixa-Preta, Judas e Como Curar um Fanático.
O autor esteve no Brasil em 2017 para participar do Fronteiras do Pensamento. Ele, que recebeu diversos prêmios literários, era com frequência apontado como um dos candidatos a ganhar o prêmio Nobel de literatura.
Uma das principais vozes da literatura israelense, Oz participou das forças de defesa de Israel nos conflitos com a Síria. Ao concluir o serviço militar, foi enviado pelo kibutz para a Universidade Hebraica em Jerusalém, onde estudou Filosofia e Literatura. Atuou como professor e lutou na guerra dos Seis Dias e na de Yom Kippur, além da ação militar israelense na faixa de Gaza.
O autor publicou 35 livros, entre romances, histórias infantis e coleções de artigos, críticas e ensaios, além de outros textos. Foi um dos intelectuais mais reconhecidos de seu país. Suas obras foram traduzidas para 42 idiomas em 43 países.
Fundador e principal representante do Movimento Paz Agora, Oz defendia a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina.
Como escritor, afirmava que não escrevia para entreter, mas para que os leitores se questionassem.
Seu livro mais conhecido é o romance autobiográfico Uma história de amor e trevas, considerado uma obra-prima da literatura mundial. O livro recebeu uma adaptação para o cinema feita por sua conterrânea, a atriz Natalie Portman.
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A conferência de Amós Oz, na temporada 2017 do Fronteiras do Pensamento, foi intitulada Meus livros, meus país, minha política. O escritor falou sobre literatura e sobre o conflito entre Israel e Palestina, removendo a ideia de mocinhos contra vilões.
Oz ressaltou a importância da criatividade e do humor, que podem funcionar como ferramentas na busca por tolerância e empatia. Segundo ele, a curiosidade é uma força propulsora da literatura.
“Eu acredito também na bênção da curiosidade em tempos de conflitos políticos, religiosos, ideológicos e pessoais. Não porque a curiosidade possa sarar tudo, mas porque a curiosidade, não menos do que o humor, é um antídoto poderoso ao fanatismo”, disse o escritor na conferência.
Assista abaixo ao vídeo com o israelense no Fronteiras 2017.
Amós Oz
Escritor