Postado em set. de 2014
Ciência
Brian Greene responde Pergunta Braskem
Pergunta Braskem: físico norte-americano, Brian Greene responde pergunta enviada por e-mail pelos seguidores do Fronteiras do Pensamento nos canais digitais.
Considerado por muitas publicações como um dos maiores especialistas no mundo em cosmologia e física de partículas, o norte-americano Brian Greene foi o conferencista do Fronteiras do Pensamento São Paulo desta quarta-feira (17).
No Teatro Cetip – Complexo Ohtake Cultural, o físico falou sobre as implicações da Teoria das Supercordas em questões cosmológicas. A teoria se baseia na ideia de que minúsculas vias de energia, vibrando em dez dimensões, criam todas as partículas e forças no universo. E foi a origem desta proposição que ele apresentou em sua conferência, Em busca da teoria unificada. O objetivo da teoria unificada é encontrar equações que expliquem como o universo surgiu. E, talvez, seja possível obter tais respostas a partir da Teoria das Supercordas.
Após sua fala, Greene respondeu a Pergunta Braskem, selecionada a partir das questões enviadas para o e-mail digital@fronteiras.com de todas as partes do Brasil. Confira a resposta de Greene a esta e a outras perguntas propostas pela plateia presente no Teatro Cetip:
Pergunta Braskem enviada por Eráclito
Tenho acompanhado algumas abordagens a respeito das questões que envolvem a matéria escura, a energia escura e a aceleração da expansão do universo, sempre em caráter informacional. A título de curiosidade, gostaria de saber se seria possível considerar que a expansão esteja ocorrendo devido ao acúmulo de energia (numa especulação, devido ao decaimento de partículas altamente energizadas) ou mesmo de matéria residual, "depositada" para além das fronteiras do nosso universo?
Resposta Brian Greene
"Acreditamos que o espaço é preenchido com uma energia, que se chama energia escura, não sei se vocês já ouviram falar. Acreditamos que esta energia preenche o espaço mais ou menos uniformemente. Esta energia escura, nas mãos do Einstein, leva a uma gravidade repulsiva, que afasta as coisas. A noção essencial levantada pela pessoa que fez a pergunta está correta. A expansão do universo está sendo impulsionada por uma energia que é depositada uniformemente no espaço, não além das fronteiras do universo, mas sim dentro do universo."
Leia também os principais temas abordados pelas perguntas enviadas pelo público e respostas de Brian Greene:
Sobre os buracos negros criados pelo acelerador de partículas LHC e o risco para a humanidade
"A produção dos pequenos buracos negros, o cálculo que se faz é quanto tempo eles permanecem em existência e eles têm um tempo de vida muito curto. Quando você cria esses pequenos buracos negros, eles se desintegram muito rapidamente e é por isso que eles não representam algum risco. A moral da história é que, se você se preocupa com qualquer uma dessas coisas, você deveria se preocupar com acordar e sair da cama de manhã, porque há a mesma probabilidade de você passar por um túnel quântico no chão da sua casa e parar no apartamento de baixo."
Sobre a hora certa de parar a busca por uma resposta
"É uma pergunta que todo cientista deve responder para si próprio. Não acho que existe um momento universal de parar. A coisa mais bela da ciência é que cada cientista tem um nível de estamina para continuar trabalhando em alguma teoria. Imagine o Einstein. Dez anos trabalhando na Teoria da Relatividade.
Se ele participasse do sistema de financiamento americano e tivesse pedido financiamento pela associação, ele teria uma doação pelos três primeiros anos para tentar encontrar a Teoria da Relatividade e, talvez, ele conseguisse um segundo financiamento para mais três anos. Mas, daí, acabou a doação. Será que isso teria sido uma coisa boa? Se o governo dissesse pra ele 'bom, chega. Agora, você vai fazer algo mais produtivo'. Acho que não, não é? Ainda bem que Einstein teve a força para continuar. Ele perseverou até encontrar a resposta e esta é uma decisão que todo cientista tem que tomar.
A minha opinião é a de que, enquanto continuamos progredindo no lado teórico, tendo estes insights matemáticos surpreendentes que temos alcançado durante muitos anos, parece sensato e justificável continuarmos na mesma trajetória. Porém, se chegarmos a um ponto contra uma muralha, uma rua sem saída em que não há mais progresso, eu acho que a natureza humana faria com que voltássemos nossa atenção para outras coisas.
A moral da história é que não precisamos ter uma limitação. Não precisamos ter o princípio do final, 'chegou o momento de parar'. Isso vai acontecer naturalmente. É assim que a ciência funciona."
Sobre a probabilidade de que a física explique a emergência da consciência
"Acho que a consciência não é nada mais do que a sensação de determinados processos físicos atuando no nosso cérebro. Processos eletroquímicos, processos neurológicos que acontecem. A sensação correspondente destes processos associadas a estes processos, geradas por estes processos é o que chamamos de consciência. O que sugere que a forma com que você entende a consciência é entendendo o cérebro.
A forma de entendermos o cérebro, a partir de uma perspectiva reducionista, é entendermos quais são seus ingredientes em seu nível mais fundamental. Entender os átomos, as partículas subatômicas e as cordas, se a Teoria das Cordas estiver correta. Após entendermos os ingredientes mais fundamentais, você vai entender qual objeto criado por estes ingredientes. Pode ser um problema dificílimo, porque existem muitas partículas no nosso cérebro, mas, eu acho que essa é uma questão de complexidade, uma questão de dificuldade e não uma questão de precisarmos de uma ideia nova, um princípio fundamental novo.
Eu acho que as leis fundamentais da física são responsáveis pelos motivos para nos sentirmos felizes, tristes, eufóricos e tantas outras emoções – são apenas sensações das partículas se movimentando dentro das nossas cabeças."
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