Postado em mai. de 2017
Filosofia | Cultura | Governança
Curador do Fronteiras, Fernando Schuler recebe Troféu Liberdade de Imprensa
Qualidade da mídia tradicional está diretamente ligada ao "pluralismo complexo", defende Fernando Schuler, que recebe Trófeu Liberdade de Imprensa nesta quarta (03).
Fernando Schuler, curador do Fronteiras do Pensamento, recebe o Troféu Liberdade de Imprensa 2017 nesta quarta-feira (03). O prêmio é concedido a quatro brasileiros "que desempenham um papel importante na defesa da liberdade de imprensa no país" (neste ano, Caco Barcellos, Ayres Britto, Schuler e Miro Teixeira).
Filho de um professor de História e Teologia, o cientista político focou seus estudos na liberdade de expressão e na democracia desde cedo. Inspirado por autores como o italiano Norberto Bobbio e o francês Alexis de Tocqueville, Schuler sempre se questionou sobre como construir uma civilização capaz de preservar o pluralismo de ideias.
A resposta, ao que tudo indica, aponta para a liberdade de expressão como peça fundamental. “Uma democracia terá seus descontentes, mas esse é o custo da liberdade: ela incomoda", diz. “A vantagem é que aqueles que se sentem prejudicados podem expressar sua visão."
Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências Políticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Schuler é professor do Insper e titular da Cátedra Insper e Palavra Aberta, voltada à reflexão sobre a liberdade de expressão e de imprensa.
Na visão dele, um dos maiores desafios atuais, ironicamente, está no excesso de informação circulando. “Por um lado, isso é muito positivo, pois as pessoas se sentem cada vez mais à vontade e livres para se expressar", explica. “No entanto, isso provoca uma explosão de pós-verdade e abre espaço para uma permanente instabilidade e intolerância." Afinal, informação é poder e precisa ser tratada com responsabilidade.
É aí, opina Schuler, que entra a mídia profissional. Apesar dos desafios principalmente econômicos que o setor tem enfrentado nos últimos anos, Schuler enxerga o jornalismo brasileiro com muito otimismo. “O país tem uma mídia pluralista, é uma das nossas instituições e há grande diversidade de opiniões", diz. Em tempos nos quais qualquer pessoa pode se tornar emissora de informação, a imprensa tradicional adquire maior relevância, pois passa a desempenhar o importante papel de filtrar e fazer a curadoria do conteúdo.
Para isso, no entanto, é essencial preservar um pluralismo complexo, partindo de hipóteses que podem ser derrubadas e mantendo sempre uma neutralidade no ponto de partida de investigações. “Não se pode cair em maniqueísmo e acreditar que tudo tem só dois lados", opina.
A mídia tradicional não pode competir com a avalanche de informação que circula a todo segundo nas redes sociais, mas pode, e deve, se consolidar como uma fonte com credibilidade e qualidade — e ter liberdade para fazer isso sem ceder a pressões do mundo online ou interesses de terceiros.
Troféu do Portal e Revista IMPRENSA
Há nove anos, o Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia reúne profissionais da área e o público em geral para debater sobre o papel da imprensa na sociedade e os riscos de interferências na liberdade de atuação dos jornalistas. Na edição deste ano, que será realizada no auditório da OAB em Brasília no dia 3 de maio, será lançado o Troféu Liberdade de Imprensa, concedido a quatro brasileiros que desempenham um papel importante na defesa da liberdade de imprensa no país.
O troféu será concedido a um jornalista, um legislador, um magistrado e um acadêmico. Nesta edição de lançamento com apoio da Souza Cruz, os homenageados são Caco Barcellos, jornalista e criador do programa Profissão Repórter; Miro Teixeira, deputado federal pelo Rio de Janeiro; Carlos Ayres Britto, advogado e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e relator do julgamento de inconstitucionalidade da Lei de Imprensa; e Fernando Schuler, Doutor em Filosofia e titular da Cátedra Insper e Palavra Aberta.
(via Portal Imprensa)
Assista também: Fernando Schuler foi um dos convidados da mais recente edição do programa Roda Viva (01), que debateu a reforma política. Os participantes trouxeram pontos em discussão no Congresso, como a eleição em lista fechada para parlamentares, a forma de financiamento de campanha e o fim das coligações nos pleitos para deputado e vereador. Também foram examinados formatos de reforma política. Veja abaixo.
Fernando Schüler
Curador do Fronteiras do Pensamento