Postado em jun. de 2014
Sustentabilidade | Ciência | Governança | Ativismo e Causas Humanitárias
Jean-Michel Cousteau encerra Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador no Dia do Meio Ambiente
Filho do lendário explorador francês Jacques Cousteau, Jean-Michel falou para uma plateia de 850 pessoas sobre seu trabalho de mobilização internacional em favor do meio ambiente
"Na natureza não existe lixo, tudo são recursos. Todos nós podemos fazer a diferença na preservação do meio ambiente". A afirmação é do ambientalista e oceanógrafo francês Jean-Michel Cousteau, conferencista que encerrou a edição 2014 do Fronteiras Braskem do Pensamento para cerca de 850 pessoas nessa quinta-feira (05), Dia Mundial do Meio Ambiente. O encontro foi apresentado pelo ativista ambiental e jornalista Fernando Gabeira, que também conduziu o debate com a plateia na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador.
De acordo com Cousteau, é necessário fazer alguma coisa para equilibrar a exploração dos recursos naturais, sendo a educação o principal meio para a criação de uma consciência ambiental. "Ter uma indústria, como a Braskem, que está fazendo um belo trabalho socioeducativo de conscientizar a população, já dá esperanças de que iremos conseguir reverter esse cenário", observa. "Nós somos responsáveis pelo aquecimento dos oceanos e pelo desaparecimento de recifes e corais. Precisamos chegar a algum tipo de solução para sobrevivermos", alertou.
Filho do lendário explorador francês Jacques Cousteau, pioneiro na descoberta dos recursos do fundo do mar, Jean-Michel navegou durante décadas ao redor do mundo ao lado do seu pai. "Eu tive o grande privilégio, quando criança, de entender o sistema aquático. Mergulho há 68 anos, desde que meu pai me levou pela primeira vez. Quando bebemos um copo d'água, estamos bebendo o oceano", ressaltou o convidado.
Cousteau é reconhecido internacionalmente por seu trabalho de mobilização junto a governos, instituições e formadores de opinião para a criação de leis em defesa do meio ambiente. Graduado em Arquitetura e especialista em Arquitetura Marinha, já foi agraciado com diversas honrarias como o Environmental Hero Award, o Ocean Hero Award e Doutor Honoris Causa pela Pepperdine University, da costa da Califórnia, nos Estados Unidos.
Em 1999, fundou a Ocean Futures Society, organização sem fins lucrativos, que trabalha com programas de conservação marinha e educação ambiental. "Criei o Ocean Futures Society para honrar o trabalho do meu pai e alertar para a preservação da natureza". Visando ampliar o alcance desse trabalho, Jean-Michel e sua equipe produziram quase uma centena de documentários e especiais para a televisão que conquistaram diversos prêmios, como o Emmy e o Peabody. Trechos de alguns desses trabalhos foram exibidos durante a conferência. "Através desses documentários, tento mostrar as belezas marinhas que descobri desde que comecei a mergulhar, há 68 anos, e também como devemos preservá-las", afirmou Cousteau.
Ainda durante a conferência, Cousteau se lembrou da visita que fez à Amazônia entre 1981 e 1982. "Passei 20 meses na Amazônia. Tive o privilégio de ir a onde nasce o rio, de descobrir que o Amazonas é um dos lugares mais fascinantes do planeta e que 20% da água do mundo é proveniente dele", assegura Cousteau. De acordo com ele, o Brasil tem uma responsabilidade muito grande na preservação do Rio Amazonas, para o bem da humanidade. Quando perguntado sobre as mudanças nas correntes marítimas, Jean-Michel respondeu que muitas coisas estão mudando, inclusive o clima. "Isso também é de nossa responsabilidade. Culpa dos erros cometidos contra o meio ambiente", sentenciou.
Atualmente, Cousteau é um dos 11 mergulhadores que participam do desenvolvimento do Exosuit (imagem à esquerda), submergível desenvolvido pelo explorador e cientista canadense Phil Nuytten. O equipamento, uma espécie de macacão robótico conta com câmeras de ultima geração, iluminação de led e radares. Mas, o grande atrativo para Jean-Michel é a possibilidade de passar mais tempo no fundo mar. "Com o Exosuit vou poder mergulhar a uma profundidade de 300 pés e ficar. Agora, meu sonho está sendo realizado. Vou poder passar algumas horas mergulhado sem enfrentar as consequências da pressão", orgulha-se.
A reinvenção do mundo
Na edição 2014, o Fronteiras Braskem do Pensamento teve como tema a reinvenção do mundo. Conforme Fernando Schüler, curador do projeto, "vivemos uma época de turbulência. A economia de mercado se mostrou uma fonte inigualável de progresso, mas também de desigualdades injustificáveis, privações e patologias sociais. O pensamento sistemático pode nos ajudar a enfrentar essas questões. Pode nos ajudar a reinventar o mundo a cada geração. Este é o convite do Fronteiras para sua edição de 2014".
Jean-Michel Cousteau
Oceanógrafo