Postado em mai. de 2022
Psicologia e Saúde Mental | Internet e Redes Sociais | Social
O efeito transformador das interações sociais
A psicóloga reflete sobre o impacto das novas tecnologias nas interações sociais e na saúde humana.
Susan Pinker, psicóloga canadense, traz reflexões sobre a mudança nas interações sociais no mundo tecnológico e seus impactos na saúde humana. Susan acredita que, assim como alimentação saudável e exercício físico, as interações sociais são essenciais para combater doenças.
Susan Pinker é reconhecida por seu trabalho na área da psicologia do desenvolvimento. Autora de livros e artigos sobre ciências sociais, é graduada pelas universidades McGill e de Waterloo e possui mais de 25 anos de experiência clínica e docência. Sua linha de pesquisa busca entender a mente humana no contexto da evolução.
Qual é o alcance e a necessidade de mantermos interações sociais diárias?
Nós precisamos de interações sociais ao longo do dia, tanto de interação com conhecidos, das pessoas que talvez você encontre na vizinhança, ou do motorista do ônibus, caso você pegue o ônibus todos os dias, ou caso você compre o jornal no mesmo lugar todos os dias. As pesquisas indicam que todas estas interações têm importância real. Assim como que nas nossas relações mais íntimas, porque sabemos que as relações sociais desencadeiam uma sequência de eventos psicológicos que protege nossas mentes e corpos.
Qual é a importância destas relações?
As pessoas com mais interações sociais e com um maior ciclo de amigos têm menor possibilidade de desenvolver demência ao envelhecer. Se acompanharmos mulheres com câncer de mama, ao longo de suas vidas, veremos que aquelas com grupos de amigos mais fortes têm probabilidade maior de sobreviver à doença se comparadas a pessoas solitárias. Portanto, temos muitas evidências de que as interações sociais têm um efeito transformador
Quais são as principais descobertas, nos últimos anos, que a neurociência social fez relacionadas ao tema?
Nas últimas gerações, tivemos cada vez menos encontros desse tipo, e as pessoas estão começando a se sentir imensamente solitárias. Por isso, uma das coisas que eu sugiro no livro The Village Efect é que devemos começar a encarar as interações sociais do mesmo modo que o exercício físico ou a alimentação saudável. Devemos planejar isso no nosso dia a dia, porque ela deixou de ser algo natural.
Em que sentido essas atividades deixaram de ser “natural” e como podemos mudar esse comportamento?
Costumávamos ira à escola e encontrar pessoas no caminho, ou ir ao trabalho e interagir com outras pessoas. Agora realizamos muitas dessas atividades sozinhos on-line. Isso é muito solitário. Ir às compras, por exemplos, ou ler um jornal. Tornou-se possível fazer todas essas coisas sem encontrar ninguém. Portanto, minha sugestão é – por tudo isso ser fundamental para a saúde e felicidade – colocar na agenda, do mesmo modo que colocaríamos uma ida à academia.