Paul Bloom responde Pergunta Braskem

Postado em ago. de 2014

Sociedade | Psicologia e Saúde Mental

Paul Bloom responde Pergunta Braskem

Pergunta Braskem: Psicólogo canadense responde a Pergunta Braskem, enviada por e-mail pelos seguidores do Fronteiras na web: precisaremos sempre de estruturas externas para incluirmos os outros em nosso círculo moral?


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"Eu estou interessado na questão da moralidade humana e o que eu defendo é o seguinte: há duas fontes. Em parte, é inata. Um aspecto fundamental é o que está montado, é uma questão da evolução, não é cultura. Mas, essa noção moral inicial é muito limitada. Para você se tornar uma criatura moral plena é por outros fatores como paixão, imaginação e a nossa razão, que é extraordinária. Estes são os caminhos." - Paul Bloom no Fronteiras do Pensamento Porto Alegre

Em conferência no Fronteiras Porto Alegre, o psicólogo canadense Paul Bloom apontou os limites da moralidade humana, sempre preocupada com aquilo que está mais próximo de nós. Para Bloom, um importante sentido da educação seria esta aproximação do desconhecido, tornando a história do anônimo o mais relevante possível.

Na iniciativa da Braskem, patrocinadora dos canais digitais do Fronteiras do Pensamento, perguntas foram enviadas através do e-mail digital@fronteiras.com justamente para aproximar os seguidores do Fronteiras destes pensadores lidos e debatidos na internet, no conteúdo compartilhado pelo projeto na rede.

A Pergunta Braskem selecionada foi a de Alex Resende Terra. Confira abaixo:

PERGUNTA BRASKEM

O ser humano parece compartilhar com outros primatas uma diretriz moral interna inata, que diz: Primeiro eu, depois os meus e nada para os outros. Precisaremos sempre de estruturas externas para melhorar essa diretriz (leis, regulações, etc.) ou podemos ter a esperança de desenvolvermos a capacidade de incluir os "outros" na mesma dimensão do "eu" ou dos "meus" como um traço natural do funcionamento psíquico?

RESPOSTA PAUL BLOOM

É uma pergunta muito interessante. Por conta dos limites da natureza humana, por não termos esta compaixão aos estranhos naturalmente, sempre vamos precisar de uma força externa para que sejamos bons neste sentido. Seja por meio de ensinamentos, ou por leis, costumes, mas sem esta ajuda externa, como a pergunta diz, não vamos ser melhores dos que os chimpanzés. Então eu acho que estas forças externas são sim necessárias.

Sobre diferenças socias
Outras questões foram propostas para o psicólogo, tais como sobre os métodos de pesquisa científica de Bloom, professor de Yale, uma instituição de alto custo nos EUA. Seriam os bebês estudados pertencentes a famílias de situações econômicas favorecidas ou as diferenças financeiras também foram levadas em conta? Bloom esclareceu que mora em New Haven (Connecticut/EUA), uma cidade diversa em etnias, costumes, salários e outros quesitos. Mesmo com seus métodos inclusivos, não houve diferenciação alguma na percepção de um sentido moral inicial nos bebês.

Mais ainda, sua esposa Karen Wynn, diretora do Laboratório de Cognição Infantil de Yale, tem pesquisado os filhos de mães viciadas em narcóticos e os bebês desta faixa etária inicial apresentam a mesma resposta de todos.

Sobre diferenças religiosas
Perguntado sobre a questão da religião e a possível falta de moralidade dos ateus, Bloom confessou, sendo aplaudido pelo público: "como ateu, eu levo esta pergunta a sério. O que você acha?" E desmistificou uma visão muito forte nos EUA, a de que, para ser uma pessoa "do bem", é preciso crer em Deus. "Tenho amigos que acham que Deus torna as pessoas piores. Os dois lados estão errados. Os dados que temos dizem que ateus ou pessoas religiosas, em uma sociedade com funcionamento normal não possuem diferenças morais profundas."

Bloom enfatizou a complexidade de relacionar religião e moralidade, apontando casos de fanatismo violento ou de boas ações cometidas em nome da fé. De acordo com ele, mais importante do que analisar se uma pessoa crê em um Deus ou não, é saber o que sua crença prega.

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Paul Bloom

Paul Bloom

Psicólogo

Psicólogo canadense Ph.D em psicologia cognitiva pelo MIT e destacado professor de Psicologia e Ciência Cognitiva em Yale.
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