Postado em mai. de 2022
Primeiro debate do Palco Fronteiras refletiu sobre tecnologia e inovação
Especialistas, como Martha Gabriel e Ronaldo Lemos, participaram do Palco I na noite de 18 de maio.
A transmissão do primeiro debate do Palco Fronteiras, evento on-line e gratuito, aconteceu na noite desta quarta-feira, 18 de maio, pela plataforma digital do Fronteiras do Pensamento. O Palco Fronteiras antecipou o tema da Temporada 2022, que será Tecnologias para a vida.
No Palco I, o debate partiu da relação entre Tecnologia e inovação, considerando o cenário em que a rápida mutação tecnológica vai transformar ainda mais a nossa vida nos próximos 30 anos e que ingressamos em uma época em que a mudança ganha muita velocidade e o pensamento inovador requer planejamento e metodologias ágeis.
Entre os debatedores estavam Martha Gabriel, uma das mais influentes pensadoras digitais do Brasil, Ronaldo Lemos, doutor em direito e participante ativo da construção de regulamentações como o Marco Civil da Internet, e curador do Fronteiras do Pensamento Fernando Schüler, com a mediação de Adriana Couto, jornalista, apresentadora do programa Metrópolis da TV Cultura.
Fernando Schüler, doutor em Filosofia e mestre em Ciências Políticas, analisou como e quanto nosso dia a dia é influenciado pela tecnologia. “A tecnologia tem um lado espetacular, nos deu acesso à informação, poder aos indivíduos, mas, às vezes, pode ser perturbadora. Ela tem influenciado a nossa vida social, política e econômica, gerando também uma sensação de caos”.
Os ciclos de inovação tecnológica mais acelerados e os impactos na própria expensão da nossa vida, chamado de transhumanismo, que é esta confluência da máquina com o corpo humano, foram citados por Schüler e ressaltados por Martha Gabriel. Professora de Inteligência Artificial, ela observou que o ser humano não foi “configurado” para este ritmo de mudança. “A tecnologia impacta profundamente a questão humana, porque a vida começa e consegue se misturar com as máquinas, a ponto de cada um de nós podermos nos misturar de um jeito. E hoje, não só os homens, mas os animais com as máquinas”.
Entre os impactos positivos e possivelmente ameaçadores, o jurista Ronaldo Lemos refletiu sobre as oportunidades e os desafios que a tecnologia nos apresenta neste momento. E apontou o papel fundamental da tecnologia no desenvolvimento do Brasil. Segundo ele, se um país quiser se desenvolver mesmo, ele terá que ser capaz de viver desta economia do conhecimento, que é viver de ideias. “Já vemos algumas empresas e organizações – mas pouco indivíduos e escolas fazendo isso -, buscando conhecimentos e criando espaços para pensar novas ideias, produtos e serviços que gerem valor econômico para o desenvolvimento.”
Ronaldo ainda ressalto a importância de dar poder para o indivíduo participar de todo esse processo e desenvolvimento oportunizado pela tecnologia. Na sua visão, nos últimos dez anos, o indivíduo só vem perdendo poder. “O algorítimo passou a decidir a sua timeline, com base no que você segue, mas também no acesso aos seus dados”.
A relevância da moral e éticas das máquinas foram levantadas pelos debatedores. “Não tem futuro para a humanidade quando você aplica a razão e a lógica pura e deixa a máquina fazer, sem investir em testes para fazer validações, estamos correndo riscos de tomar as decisões erradas. Logicamente até podem ser certas, mas humanamente erradas”, afirmou Martha.
Nessa conjunção, ela apontou o pensamento crítico como habilidade número 1 necessária hoje, sem fica mais difícil aproveitar as oportunidades defendidas por Ronaldo diante de uma economia do conhecimento. “Precisamos olhar para a competência que vamos desenvolver que faça sentido ao contexto que estamos”. Segunda a pensadora digital, o pensamento crítico precisa ser educado, pois não o temos como a inteligência biológica.
A impressão do professor e cientista político, Schüler, é que as pessoas vão desenvolvendo certa inteligência para lidar com estas desafios impostos pela tecnologia no dia a dia de suas vidas. E que isso deve resultar em uma pluralidade de informação e diversidade nas redes sociais.
Entre as mensagens finais deixadas pelos debatedores, está a prevalênça da nossa parte humana nesta relação com a tecnologia e que esse movimento pode ser cada vez mais conquistas por meio da discussão, do pensamento crítico e da voz ao indivíduo.
Fernando Shüler associou essa postura ao propósito do Fronteiras, de promover perguntas a fim de provocar reflexões. E, neste ano, aproveita sua bagagem desenvolvida diante da pandemia, em que foi realizado de forma on-line, mas volta-se à sua essência, em que, presencialmente, propõem a desconexão (inclusive literalmente de aparelhos celulares) para vivenciar um momento de contemplação da arte, da escuta, da palavra longa.
Ao longo deste primeiro Palco Fronteiras, a Temporada 2022 do Fronteiras do Pensamento foi lançada. A partir de agora já é possível conhecer mais sobre as novidades e a programação deste ano, além de garantir sua participação. Acesse o site e sabia mais!