Siddhartha Mukherjee responde: as três etapas do combate ao câncer

Postado em set. de 2018

Ciência | Medicina

Siddhartha Mukherjee responde: as três etapas do combate ao câncer

Agrotóxicos, estresse, tabagismo, poluição: o que podemos e o que devemos fazer para evitar o câncer? Oncologista indiano explica quais fatores devem ser levados em conta.


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O oncologista indiano Siddhartha Mukherjee foi o conferencista de setembro no Fronteiras do Pensamento 2018.

Autor do best-seller O Imperador de todos os Males, pelo qual recebeu o prêmio Pulitzer em 2011, o pesquisador disse que o aumento no número de casos da doença se deve à maior expectativa de vida

“No mundo todo, podemos usar métodos estatísticos poderosos para entender as contribuições de diversos desses fatores, mas a idade é o principal deles”, declarou.

Em sua fala, o oncologista destacou a importância de aproximar a sociedade do conhecimento científico e de incluir as pessoas nesse universo – desde a pesquisa clínica até a divulgação sobre novas terapias para o tratamento da doença:

"Se escondermos esse novo mundo da ciência que estamos criando (ou tentando criar), isso vai provocar problemas maiores. Temos que levar essas descobertas e possibilidades para as pessoas que vão vivenciá-las."

Para o médico, a cura do câncer ainda está longe da realidade. Porém, conforme as pessoas conhecem a doença e entendem como devem encará-la, enfrentar o câncer de uma forma mais esperançosa passa a ser possível.

As três etapas de combate ao câncer

O câncer é a principal causa de morte em quase 10% das cidades brasileiras. A doença, já considerada uma epidemia, alarma Governos e a população em geral, porque políticas públicas dificilmente dão ou darão conta dos tratamentos.

Mas, será que a etapa do tratamento é a única que deve ser levada em conta?

De acordo com Mukherjee, devemos pensar não em uma, mas sim em três etapas.

O oncologista defendeu que esta é a forma mais correta de abordar a doença – e aquela que deverá ser utilizada para reduzirmos o número de mortes.

1 - prevenção, por meio da identificação de novos estados carcinogênicos;

2 - detecção precoce usando novas tecnologias;

3 - uso da genética e da fisiologia do próprio organismo para elaborar tratamentos individualizados.

O médico também destacou uma mudança fundamental de abordagem nas pesquisas relacionadas ao surgimento da doença: até então, a ciência investigou os aspectos negativos ligados ao câncer.

Daqui para frente, passará a estudar os aspectos positivos presentes no hospedeiro (como hábitos e características fisiológicas que fazem com tenhamos uma menor chance de desenvolver o câncer ou evitar recidivas).

“Ao invés de nos perguntarmos o que há de errado com as dietas, com os carcinogênicos, e com os comportamentos, precisamos ver o que é correto: o que é melhor comer? Quais aspectos do nosso organismo são mais preditivos de uma não recidiva?” explicou o pesquisador.

Após sua fala, Siddhartha Mukherjee respondeu perguntas do público.

Dentre elas, estava a Pergunta Braskem, enviada de Belo Horizonte, por Camilli Chamone, seguidora do Fronteiras do Pensamento nas mídias sociais.

Confira abaixo esta e outras respostas.

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Siddhartha Mukherjee e a toxicidade da vida contemporânea

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Camilli Chamone: Os avanços da medicina estão permitindo que a expectativa de vida seja cada vez maior.

O aumento da prevalência do câncer ocorre porque as pessoas estão vivendo mais.

Mas, será que também não está associado a um estilo de vida mais tóxico, com disruptores endócrinos e genéticos presentes no ambiente (poluição, estresse, agrotóxicos, etc.)?

Siddhartha Mukherjee: Sem dúvida. Existem respostas quantitativas para isso. O principal impulsionador do câncer é a idade.

No mundo todo, podemos usar métodos estatísticos poderosos para entender as contribuições de diversos desses fatores, e a idade é o principal deles.

Mas, como eu disse, a idade não é o único fator. Existem várias coisas novas no ambiente que também estão levando ao câncer. Uma parte do problema é a dificuldade em avaliar quantitativamente qual é o efeito desses outros fatores menores.

Antigamente, ninguém era exposto à reposição hormonal, por exemplo. Isso faz parte do mundo moderno e esse é um caso.

Hoje, sabemos menos sobre como as alterações ou mudanças no comportamento nutricional estão contribuindo com o câncer.

Sabemos vagamente que existem pequenos riscos associados ao consumo de carne vermelha, por exemplo. São pequenos riscos associados a consumos nutricionais específicos, mas nós não encontramos comportamentos humanos comuns que possam ser modificados e que terão uma redução dramática no risco de câncer.

É óbvio que o tabagismo é um deles, mas, fora aqueles que já foram descobertos, nos últimos dez anos, tem sido difícil encontrar comportamentos humanos alteráveis que contribuíram com o risco quantitativamente alto de câncer.

Espero que todos saibam que existem estudos sobre reposição hormonal, que saibam qual é o risco do tabagismo e que tenham ciência de que vocês podem tomar vacinas contra alguns tipos de câncer, como a vacina do papiloma vírus.

Além desses exemplos, estamos em um estágio em que não encontramos comportamentos humanos modificáveis que vão ter uma grande redução no risco do câncer.

Estou liderando um grande estudo nutricional e um dos maiores desafios tem sido encontrar como fazer este estudo. Você precisa de centenas de milhares de pessoas para fazer o estudo.

Não é um estudo fácil de ser feito. Estamos tentando conseguir encontrar pessoas, devido ao seu estado biológico, ou ao seu estado genético, cujos risco de câncer já são altos.

Assim, podemos utilizar essa informação e fazer o estudo com mil pessoas, ao invés de 100 mil pessoas para identificar quais são os comportamentos que poderiam ser alterados e reduziriam o risco de câncer.

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Mukherjee abordou diversos tópicos ligados ao futuro da Medicina após a conferência, quando respondeu as perguntas da plateia.

Confira abaixo os principais temas tratados.

Câncer de mama e quimioterapia

Para alguns tipos da doença, sabemos que o câncer tem uma marca: ele se alastra, ou ele passa por uma reincidência.

No último ano, aconteceu um grande avanço nesse sentido apara as mulheres que têm câncer de mama.

Vamos supor que você tem uma pequena massa detectada na sua mamografia que não se alastrou para nenhum outro lugar.

Infelizmente, todas essas mulheres, independentemente do tamanho do tumor, passavam por quimioterapia para evitar o alastramento do câncer. Meses de quimioterapia, com todos os seus efeitos tóxicos.

Com base nos marcadores genéticos da impressão digital do câncer, podemos identificar até dois terços de mulheres que não precisam de quimioterapia.

Por causa dessa impressão digital, sabemos que o câncer não vai se alastrar. Esse é um grande sucesso. Um sucesso irônico, porque é um sucesso negativo.

Em um contexto mais amplo, em países como os Estados Unidos, isso tem uma utilidade muito grande, porque nós estávamos utilizando excessivamente a quimioterapia.

Não são as mutações do gene, mas é um dos grandes avanços que aumenta nossa capacidade de prever o câncer que vai se alastrar, ou o risco da recidiva.

Agora, nós estamos aplicando essa tecnologia a outros tipos de câncer e acho que veremos outros sucessos num futuro bem próximo.

Uma nova abordagem de pesquisa: o que há positivo no organismo do hospedeiro

O nosso foco tem sido tentar entender o que tem de errado com o câncer, mas estamos percebendo cada vez mais que o foco não pode ficar só no câncer, mas no hospedeiro também.

Ou seja, não é o que há de errado com o câncer, mas o que há de certo com você.

Por que o câncer não retorna em algumas pessoas? Por que o câncer não se alastra no organismo de outras?

Esse é um problema muito mais difícil. "O que há de errado com o câncer" é um problema muito mais fácil. Você pode remover o câncer, descobrir o que há de errado, mas descobrir o que acontece no hospedeiro é muito mais difícil.

Com a tecnologia disponível, estamos começando a conseguir responder essas perguntas. Temos um grande coorte com homens e mulheres que nunca tiveram câncer, apesar de terem vivido muito tempo.

Essas pessoas são importantes e estamos perguntando o que elas têm de correto e o que nelas faz com que não tenham câncer.

Nós vamos descobrir isso nos próximos dez anos, mais ou menos.

Em vez de nos perguntarmos o que há de errado com as dietas, com os carcinogênicos e com os comportamentos, precisamos ver o que é correto: o que é melhor comer? Quais aspectos do nosso organismo são mais preditivos de uma não recidiva?

Sabemos, por exemplo, que alguns tipos de células imunes têm uma correlação muito alta com a capacidade do câncer não se alastrar.

Há um estudo que estão lançando para identificar se alguns seres humanos têm essas células imunes mais ativas de forma natural e o que acontece com essas pessoas: se elas têm uma probabilidade menor do câncer se alastrar ou se é alguma outra coisa.

A questão agora é: quem é o hospedeiro? O que este hospedeiro tem de bom?

É uma grande mudança na nossa forma de pensar, porque nós ficamos, por muito tempo, obcecados com o que havia de errado e com o que havia de diferente na célula cancerígena.

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Medidas de saúde pública no combate ao câncer

Num sentido mais amplo, as medidas de saúde pública são claras.

Mudar o comportamento humano, como o tabagismo, é uma área enorme que precisa ser enfatizada cada vez mais. Precisamos enfatizar isso várias vezes.

A vacinação, sempre que apropriado e, por último, ter um bom programa de saúde que tente detectar exposições tóxicas que possam levar ao câncer.

Com relação ao controle do câncer, acho que os programas têm que ser voltados para a prevenção.

Agora, estamos começando a ver os primeiros sinais de usar a tecnologia para detecção precoce do câncer. Isso já existe com as mamografias. Enquanto nós não tivermos essas tecnologias, eu diria para não entrarmos nessa arena em um país tão grande quanto o Brasil.

Comportamentos positivos na prevenção ao câncer

Nós sabemos algumas formas amplas de evitar e de prevenir o câncer. Se você entrar no site do Instituto Nacional do Câncer nos Estados Unidos ou no Instituto Nacional do Câncer do Brasil, você pode ver quais são os carcinogênicos mais comuns e como evitá-los.

O problema é que, nos últimos dez anos, estávamos trabalhando muito para tentar encontrar exemplos de comportamento negativo, não os comportamentos positivos. Precisamos complementar esses tratamentos com formas positivas para prevenir o câncer.

Nós encontraremos as respostas, mas ainda vai demorar um pouquinho. E, mais uma vez, a genética e as tecnologias de detecção precoce vão nos ajudar a encontrá-las.

Por favor: não acreditem em quem diz que tal dieta vai evitar o câncer ou que determinada pílula mágica vai prevenir o câncer. Isso não é verdade.

Existem milhares dessas mentiras e tenho certeza que o mundo de vocês está cheio delas. Meus pacientes trazem folhas e mais folhas dessas recomendações e a maior parte delas é bobagem. Não acreditem nisso.

Estamos buscando as respostas de forma sistemática e esperamos chegar às pessoas que são mais resistentes ao alastramento ou desenvolvimento do câncer, combinando a genética, a exposição ao ambiente e o mais importante: o seu estado fisiológico.

Enquanto ainda não tivermos essas respostas, as indicações em termos de prevenção ainda são as convencionais: tabagismo, evitar a exposição aos carcinogênicos mais comuns e seguir as amplas diretrizes nutricionais e de exercícios físicos.

Programas de detecção precoce funcionam?

É um problema de percepção. Imagine que temos duas gêmeas: Ana e a Carina. Uma delas entra num programa de detecção precoce, encontra um câncer com 35 anos e vai a óbito aos 50 anos.

Se avaliarmos as estatísticas, veríamos que ela viveu 15 anos após a detecção do câncer - o tempo de vida dela após a detecção foi de 15 anos.

Agora, vamos pensar que a gêmea dela não entre no programa de detecção precoce, o tumor cresce e ela vai a óbito com a mesma idade da irmã: 50 anos.

Na estatística, o livro diria que desde a detecção do câncer ela viveu um ano. Então, artificialmente, pareceria que o programa de detecção precoce funcionou, porque uma gêmea viveu 15 anos após a detecção e a outra viveu apenas um ano.

Mas não é verdade, porque elas foram a óbito com a mesma idade. Esse é um grande paradoxo criado pela detecção precoce.

Se você não tiver muito cuidado, os estudos de detecção precoce parecem ter sucesso, porque parece que, se a detecção for precoce, você consegue aumentar a sobrevida da pessoa, mas você só atrasou o relógio. O tempo de vida delas foi o mesmo.

O programa de detecção precoce tem um viés fundamental. Um viés reconhecido e muito bem estabelecido.

Se você estiver pensando em entrar em um programa de detecção precoce, é preciso ter muito cuidado com esse viés. Você precisa criar formas de superar esses vieses.

Temos que ter cuidado com o linguajar utilizado em relação à detecção precoce. Precisamos utilizar as informações corretas para avaliar esses programas, porque ainda existe um problema de subavaliação. Cuidado com as palavras: elas podem ser muito enganosas.

Como lidar com o processo de morrer

Uma das coisas que acho que temos que fazer em termos de abordagem, é não confundir o cuidado paliativo com o cuidado de fim de vida, porque não são a mesma coisa.

Essa mensagem precisa ficar muito clara.

Aliás, o cuidado de fim de vida é muito importante, mas o cuidado paliativo é muito mais prolongado e envolve diversas formas de cuidado, não somente da dor física, mas da dor espiritual.

A minha primeira abordagem, toda vez que conheço alguém com câncer, é dizer o seguinte para a pessoa: na maior parte das vezes, eu vou conseguir eliminar a sua dor física. Não 100%, mas eu consigo eliminar 90% da sua dor física - o que já é bom.

Eu costumo ter essa conversa com meus pacientes antes do câncer se alastrar, na primeira vez que os vejo.

Em segundo lugar, digo que não tenho como eliminar a dor espiritual. Não tenho um medicamento que elimine a sua dor espiritual.

O tipo de coisa que alivia a dor espiritual é realização, sucesso consigo mesmo, autoconfiança com relação ao seu futuro, e não ficar ansioso com relação ao que vai acontecer.

Quando você pergunta aos seus pacientes o que a realização quer dizer para eles, as respostas são finitas: ter a capacidade de dizer obrigada, de dizer me perdoe, de dizer eu te perdoo.

Faça uma lista das pessoas a quem você gostaria de dizer isso e faça isso na próxima semana, antes de começar a terapia.

Também pergunto a essas pessoas se seria possível viajar a algum lugar possível. Não para Marte, não para a Lua, mas para algum lugar próximo. Talvez, visitar os netos, talvez pedir para os netos virem visitá-los...

A morte é um estado. Morrer é um processo. Você não pode ajudar a pessoa no estado na morte, mas você pode ajudar a aliviar a dor física.

Eu consigo aliviar a maior parte da dor física dos pacientes, mas o processo de morrer precisa de um plano, precisa de ações.

Todo mundo passa por esse processo, mas a maior parte das pessoas não têm um plano para isso.

O único plano que nós temos para a morte é o confinamento. Nós temos tanto medo de que nossos entes amados vão morrer, que nós confinamos as pessoas: você vai ficar hospitalizado no hospital ou você vai para um asilo.

Uma amiga veio me ver, pois a mãe dela estava morrendo, e ela me disse: você pode dar algum conselho para a minha mãe?

Eu pedi para conversar sozinho com a mãe dela e perguntei à senhora: o que você gostaria de fazer nos seus últimos dias de vida? Ela me disse: se eu pudesse ficar em casa, não em um asilo... Se eu pudesse comer sorvete de chocolate todos os dias, eu morreria feliz.

Em seguida, liguei para minha amiga e disse a ela que tirasse a mãe do asilo e enchesse o congelador dela com sorvete de chocolate.

Se a mãe quisesse sorvete de chocolate no café da manhã, almoço e jantar, ela deveria deixá-la comer.

A mãe viveu mais seis meses e não fez diferença nenhuma no colesterol dela. Se o colesterol subisse, sabe o que eu diria? Pare de medir.

Deixe ela morrer de excesso de sorvete de chocolate. Esse é o meu conselho. Se eu morrer, eu vou encher o meu congelador de sorvete de chocolate.

Otimismo e religiosidade nos cuidados paliativos

Não dá para confundir otimismo com religiosidade. Tem muita gente que é otimista e é ateu. Tem gente que é altamente religioso e é pessimista.

Será que isso faz alguma diferença em relação aos cuidados paliativos? Com base na minha experiência, provavelmente tem algum efeito.

Mas será que eles vão viver mais tempo? Não sei. Não quero diminuir o papel da nossa mente em relação à dor.

Não quero diminuir o motivo que faz o paciente levantar da cama para ir fazer quimioterapia ou levantar da cama e tomar seu sorvete de chocolate - se é isso que você quer fazer.

Mas, não acho justo dizer que o seu tempo de vida com câncer aumenta ou reduz como resultado do seu estado mental. Acho que isso vitimiza o paciente.

Esse tipo comportamento diz ao paciente: a culpa é sua, o problema é seu. Você é que não está pensando nas coisas certas.

De certa forma, é um tipo de crime, pois não permite que o paciente passe pelo processo de entender que a doença não é culpa dele. Ninguém quer ter câncer.

Espero que, nos próximos anos, consigamos ter uma forma mais ampla, mais gentil e mais delicada de oferecer um cuidado paliativo. Assim, aprisionaremos menos as pessoas e permitiremos que elas fiquem mais livres para poder expressar seus desejos e seus sentimentos de uma forma que não seja tão confinante.

Siddhartha mukherjee

Clique aqui para baixar gratuitamente o libreto especial sobre o trabalho de Siddhartha Mukherjee, conferencista do Fronteiras do Pensamento.

O libreto inclui breve biografia, links indicados e informações de destaque sobre o médico indiano, ganhador do Pulitzer por seu livro O imperador de todos os males: uma biografia do câncer.

>> Conheça mais sobre a obra do médico na Live Fronteiras, com a jornalista a Cláudia Laitano, a geneticista Cristina Bonorino e a médica oncologista Alessandra Morelle.

>> Não deixe de acessar o resumo oficial do evento, preparado por nossa equipe. Leia as principais ideias de Mukherjee em sua conferência no Fronteiras do Pensamento. Clique aqui para fazer o download do PDF.

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Siddhartha Mukherjee

Siddhartha Mukherjee

Médico oncologista e escritor

Médico indiano, ganhador do Pulitzer por O imperador de todos os males: uma biografia do câncer.
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